José assume a paternidade legal de Jesus
M Mons. Vincenzo Paglia
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Evangelho (Mt 1,16.18-21.24a) - Jacó gerou José, marido de Maria, de quem nasceu Jesus, chamado Cristo. Assim nasceu Jesus Cristo: sua mãe Maria, desposada com José, antes de irem morar juntos, ficou grávida por obra do Espírito Santo. Seu marido José, por ser um homem justo e não querer acusá-la publicamente, pensou em repudiá-la em segredo. Contudo, enquanto pensava nestas coisas, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e lhe disse: «José, filho de David, não tenhas medo de levar contigo Maria, tua noiva. Na verdade, o filho que nela é gerado provém do Espírito Santo; ela dará à luz um filho e você o chamará de Jesus: na verdade, ele salvará o seu povo dos seus pecados”. Ao acordar, José fez como o anjo do Senhor lhe havia ordenado.

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

Hoje a Igreja celebra a festa de São José, esposo de Maria. Ele, descendente da casa de David, teve a tarefa de ligar Jesus à linhagem davídica, de resumir as figuras dos patriarcas, que muitas vezes receberam a revelação de Deus em sonhos, e de fazer o pequeno Jesus refazer o caminho do êxodo de Egito à terra prometida, inserindo-o plenamente na história de Israel para torná-lo herdeiro das promessas. Homem silencioso, José aprendeu a vontade do Senhor dia após dia e obedeceu. Uma antiga lenda diz que ele morreu na grande paz que Jesus lhe deu. É por isso que na tradição ocidental as pessoas logo começaram a invocá-lo para receber o dom de uma boa morte. As Igrejas Orientais recordam-no juntamente com David e Tiago, irmão do Senhor, nos dias seguintes ao Natal. A sua figura, ligada à infância de Jesus, recorda-nos a indispensável atitude de escuta que todo crente deve ter, especialmente naqueles momentos em que as dificuldades parecem prevalecer. O trecho evangélico de Mateus conta-nos como José se envolveu no mistério do nascimento de Jesus. O evangelista parece querer sublinhar a irregularidade do nascimento de Jesus, fala de José e do drama duplamente grave que vive. Como marido traído, teria que celebrar um divórcio oficial (Maria apareceria como adúltera e, portanto, rejeitada e marginalizada pelos seus familiares e por todos os aldeões). Obviamente Maria também pensou nessas coisas quando ouviu o anúncio do anjo. E ainda assim, ele obedeceu. José, por sua vez, decidiu repudiar a sua jovem noiva, mas em segredo. Foi um gesto de delicada justiça, pode-se dizer misericordioso. Mas aquele homem justo, ainda mais delicado que a lei, se o tivesse feito, teria feito um gesto contra a justiça mais profunda de Deus: há de facto um além de Deus que o anjo lhe revela. José o escuta e entende o que está acontecendo ao seu redor e dentro dele. Torna-se assim um discípulo do Evangelho. E o anjo continuou: “Você o chamará de Jesus”. José deve reconhecer e dizer quem é esse filho. Por isso é a imagem do crente que sabe ouvir e sabe levar Jesus consigo: se ouvirmos o Evangelho, também nós poderemos levar Jesus connosco como amigo dos nossos dias, de toda a nossa vida. vida.