O Senhor nosso Deus é o único Senhor e devemos amá-lo
M Mons. Vincenzo Paglia
00:00
00:00

Evangelho (Mc 12,28b-34) - Naquele momento, um dos escribas aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”. Jesus respondeu: «A primeira é: “Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor; amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças”. A segunda é esta: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Não há outro mandamento maior do que estes." O escriba disse-lhe: «Disseste bem, Mestre, e segundo a verdade, que Ele é único e não há outro senão Ele; amá-lo de todo o coração, de toda a inteligência e de todas as forças e amar o próximo como a si mesmo vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios”. Vendo que ele havia respondido com sabedoria, Jesus disse-lhe: “Tu não estás longe do reino de Deus”. E ninguém teve mais coragem de questioná-lo.

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

Esta passagem do Evangelho de Marcos ocorre no ministério de Jesus em Jerusalém. Entre a hostilidade dos líderes do povo, que se torna cada vez mais ameaçadora, está o pedido sincero de um escriba que se dirige a Jesus e lhe pergunta: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». Os escribas eram geralmente bem versados ​​na Lei. E desta vez o pedido não é malicioso, este escriba que aparece sozinho diante de Jesus quer realmente aprender um ensinamento que considerava importante para sua vida. Ele era um escriba sábio. Ele tinha consciência, na verdade, de que não tinha a verdade no bolso, de que também precisava aprender com um mestre mais sábio que ele. Com efeito, todos temos necessidade de pedir antes de mais nada ao Espírito que nos foi dado o sentido das Escrituras para a nossa vida e a do mundo. E em qualquer caso, ouvir a Palavra de Deus na Igreja, na comunidade em que vivemos. Ninguém é seu próprio mestre. Infelizmente, facilmente nos esquecemos de abrir as Escrituras e de ouvi-las com espírito de oração, seguros de nós mesmos e sabendo bem o que fazer e como viver. É o pecado do orgulho e da auto-suficiência que nos leva a prescindir até mesmo de Deus e da sua palavra. Hoje este escriba nos ensina como estar diante de Jesus e perguntar-lhe junto com ele: “Mestre, qual é o coração do Evangelho?”. Jesus responde de forma articulada, como que para nos fazer compreender que sem Ele, sem o seu Espírito Santo, é difícil compreender as Escrituras. Ele responde que o “primeiro mandamento” é duplo: amar a Deus e aos outros. São dois amores inseparáveis; na verdade, é apenas um. Não é possível dividir Deus e os outros. O apóstolo João também nos lembra disto: “Porque quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4:20). O próprio Jesus nos mostra: amou o Pai acima de todas as coisas, mais do que a sua própria vida e, igualmente, amou os homens acima de todas as coisas, mais do que a sua própria vida. Naturalmente, para compreender a singularidade do amor a Deus e ao próximo, há um convite prévio que deve ser acolhido: “O primeiro é: Escuta, Israel”. É o convite que nos é continuamente proposto neste tempo de Quaresma: a necessidade de escutar Deus que nos fala. Quem não o escuta ouvirá apenas o barulho de si mesmo e não poderá viver plenamente o mandamento do amor. Só quem escuta o Evangelho, como fez Maria, poderá experimentar plenamente a força da fé. Aquele escriba, satisfeito com a resposta de Jesus, foi informado de que não estava longe do Reino de Deus. Aprendemos dele pelo menos a sua disponibilidade para perguntar e a sua prontidão em responder.