Deixo-te a paz, dou-te a minha paz
M Mons. Vincenzo Paglia
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Evangelho (Jo 14,27-31a) - Naquele momento, Jesus disse aos seus discípulos: «Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Não como o mundo dá, eu dou a você. Não deixe seu coração ficar perturbado e não tenha medo. Vocês ouviram que eu lhes disse: “Vou e voltarei para vocês”. Se você me amasse, você se alegraria por eu ir para o Pai, porque o Pai é maior que eu. Eu lhes disse agora, antes que aconteça, para que quando acontecer vocês possam acreditar. Não falarei mais contigo, porque vem o príncipe do mundo; ele não pode fazer nada contra mim, mas o mundo deve saber que eu amo o Pai, e como o Pai me ordenou, assim eu ajo”.

O comentário ao Evangelho de Monsenhor Vincenzo Paglia

Esta passagem evangélica abre com a entrega da paz aos discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”. Jesus compreende bem que a separação dele, depois de três anos de intensa amizade, é difícil e dolorosa para aqueles discípulos. Ele já lhe prometeu o dom do Espírito: “Ele te ensinará tudo e te lembrará tudo o que eu te disse”. E agora dá-lhes a sua paz, a paz messiânica que reúne todas as bênçãos de Deus: não é uma paz qualquer, mas aquela que ele mesmo experimenta e que nasce da confiança com o Pai, da certeza de não estar sozinho, da confiança de não ver nunca faltar o apoio e a consolação de Deus: é um legado que só os discípulos têm e que devem testemunhar ao mundo. Ele, portanto, exorta-os a não terem medo, a não se preocuparem. Ele repete as palavras que já lhes disse: “Eu vou e voltarei para vocês”. E acrescenta que eles deveriam até ficar felizes por ele ir para o Pai. Parecem palavras difíceis de entender. Como você pode ficar feliz sabendo que seu amigo mais querido, aquele que o salvou de uma vida sem sentido, está indo embora? Na verdade, Jesus quer prepará-los para o ministério da sua Páscoa e da sua ascensão ao céu. Com efeito, permanecer à “direita do Pai” não significa distanciar-se deles e do mundo; com efeito, o Senhor permanecerá mais próximo deles, onde quer que estejam, e nunca deixará ninguém sozinho. Os discípulos dispersar-se-ão pelas ruas do mundo para comunicar o Evangelho, mas Ele os acompanhará em todo o lado, apoiando-os com as suas próprias forças. É claro que o Príncipe do mal, o diabo, trabalha para quebrar o vínculo de amor entre Jesus e os seus seguidores. Contudo, a morte de Jesus, embora seja obra do mal, é sobretudo escolha do Filho que por amor dá a vida pela salvação de todos. A partida física de Jesus não é, portanto, o resultado de uma traição, como aquelas a que estamos habituados. Quantos laços se rompem, quantas separações ocorrem entre os homens! A “partida” de Jesus para o Pai é o sinal de um amor maior, o do Filho para com o Pai do céu: “O mundo deve saber que eu amo o Pai, e como o Pai me ordenou, assim ajo” . É no caminho desta obediência a Deus que os discípulos descobrem a perpetuidade do amor.